Nós estávamos cansados e alcoolizados. A garoa fina e pouco perceptivel nos acompanhou durante todo o percurso até chegarmos em casa, o suficiente para umidecer nossos trajes tão minuciosamente selecionados . Já passava das 3 da matina e, pra nós era cedo voltarmos de uma festa nesse horário, mas o dia de trabalho não nos permitiu ultrapassar tal limite de tempo.
Ao adentrar a casa, já fomos nos despindo a procura de algo mais leve para vestir nossos corpos cansados e um canto para nos jogarmos e então dormir. Não demorou muito para que as luzes se apagassem e que nossos corpos se prostrassem e se entregassem ao sono. Fomos rapidamente adormecendo até que uma luz, vinda da mão de alguém iluminou o ambiente e nossas ideias. Aquele não era nosso horário e nem fazia de parte de nossos costumes. Recorremos aos instintos e logo ouviu-se o primeiro estalo de cevada. Fumaça e luzes tomaram conta de todo o local. Luzes brancas, amarelas, rosas. Diversas as cores. Jogados sob o chão, fomos deixando que o jogo de espelho se espalhasse ao nosso redor, junto daquele sentimento de leveza e bem estar. Nossos corpos adormecendo, tão elétricos. Tão vivos e tão aquietados. As mentes pareciam teletransportassem para outro plano, juntas e unidas, com os mesmos pensamentos, pareciam um só, enquanto riamos baixinho e brincávamos com a neblina tão intensa que habitava todo o quarto escuro e fechado. Descansamos nossa mente no grau mais elevado possível. Não era preciso nada alucinógeno para nos tirar dali e nos fazer sentirmos assim. Era apenas sensação de equilíbrio, sintonia e boas vibrações.
Augusto Cruz
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