Neste final de semana, Lucy teve uma overdose de si mesma. Sua mente ficou tão intensamente aberta que foi capaz de viajar ao mais profundo êxtase. Ficou tão vulnerável a ela mesma que deixou-a percorrer os caminhos mais coloridos até os mais obscuros.
Brincou com as sensações mais inatas e teve constantes calafrios. Em um dia não conseguia segurar suas risadas e suas atitudes. Riu até seu maxilar pedir socorro. Mas é o que diz o ditado popular: "quem muito ri hoje, chora amanhã." Na outra lua, ficou rendida ao nada. Rendida e entregue as sensações mais obscuras e perturbadoras que já teve em toda a sua existência. Tão exposta ao vazio que imaginou-se enlouquecida. Transtornada, inquieta, deveras louca. Repito: vazia. Com passaporte carimbado ao nada, ao escuro e ao medo. Entregue aquele sentimento angustiante de não poder sair de si mesma. De ser dominada por uma travessia sem rumo.
Nunca pensou que embarcaria em uma 'bad trip'. Que logo ela, tão centrada, perderia a noção e os sentidos. Conheceu o auge do narcótico.
Hoje, depois da experiência mais assustadora da sua vida, convicta do que fala, admite o erro que é brincar com a mente humana; essa caixinha de surpresas que esconde muito de nós mesmos.
Lucy foi ao céu com diamantes e caiu, arrebatada, ao inferno com a lama. São os dois lados. Não arriscará, novamente, levar seus diamantes ao paraíso... Pois a bússola pode quebrar-se e a viagem terminar, mais uma vez, cara a cara com o demônio que habita dentro de si.
Augusto Cruz
Um comentário:
Nooooossa... adoro td que vc escreve.
Dessa vez minha mente viajou mais do que o normal!!!!!
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