sábado, 17 de julho de 2010

Subindo

Era um cubículo bem iluminado e de bom cheiro. Comportava confortavelmente umas 4 pessoas. Acredito que não media mais de 1m². A luz que vinha por detrás do número 6 estava sempre acesa, iluminando o nosso principal destino. Por vezes, escolhíamos visitar outros rumos ou preferíamos passear por outras direções apenas para que a viagem durasse mais tempo.
No começo ficava meio receoso que alguém pudesse adentrar e algumas vezes isso acontecia. Era constrangedor, devo admitir. Movimentos rápidos, rostos vermelhos, volumes e cara de pau suficiente para fingir que nada estivera acontecendo.
Havia outras ocasiões, em que aquele era o único momento que podíamos estar sozinhos e entregues. Seria este, meu local preferido.
Com o tempo, tornou-se cansativo, mas da mesma forma ainda me encantara.
Foi cenário de um forte sentimento. Naquelas quatro paredes, refletiu-se muita paixão, fogo, mágoas... Hoje, acredito que já não reste mais nada além de apenas quatro paredes e novos reflexos.
Carrego agora as lembranças que me pesam a alma. Revelam-me que fui feliz.

"E subo bem alto, pra elevar a dor!"

(Augusto Cruz)