terça-feira, 27 de julho de 2010

Direito de retórica

O que é justo pra você? Justiça é questão de ponto de vista. Há certas coisas que nem me passam pela cabeça, por isso não posso avaliar e colocar minha opinião. Mas sempre que sou indagado a colocar minhas verdades sobre algo ou alguém, tento colocar-me no lugar deste. Imaginar seus motivos, suas dores, suas razões, suas avaliações e questionamentos que o levaram a fazer ou não. Nem sempre ajo da forma mais sensata, todavia, juro que tento. Não é esforço demais, principalmente quando se trata de alguém com quem tenho identificação e afeto.
Julgar alguém sem dar chances de explicar-se não é justo, não, pelo menos, dentro de minhas convicções. Como já falei, há uma razão e, antes de qualquer definição de certo ou errado, deve haver consciência de todos os lados da história. É isso que vejo nos filmes, foi isso que minha mãe me ensinou a fazer e é nessa tecla que minha mente bate.
365 dias se passaram e daí? Só há um alguém que sofre nisso tudo? Só há uma vítima? Não se tem mais outras versões? Assumo meus erros - aqueles que sei que cometi, porque por vezes soube ser julgado por algo que nem ao menos passara pela minha cabeça conturbada. Admito que errei em deixar que me calassem. Tenho total consciência de que podia ter dado voz aos meus princípios. Tenho minha ética.
Hoje, mesmo depois de se passarem 12 meses, há magoas nos corações de todos. É inevitável. Não se pode dizer que o tempo passou e agora tudo é passado. NÃO É! Seguimos nossas vidas, conhecemos pessoas, trocamos figurinhas, mudamos conceitos e quebramos barreiras. Mas sempre vai haver um pouco do passado em nós. O passado faz parte do nosso presente, foi ele quem nos trouxe até aqui. Só não posso admitir que, se ainda restam duvidas e principalmente dores, elas permaneçam. Não acho justo, principalmente, com quem estava de coadjuvante nessa história.
Em nenhum momento foi deixado de lado os sentimentos de ninguém, sempre era o que mais me preocupara, e talvez o tempo tenha passado e o silêncio dominou, porque o medo falava mais alto. A cada dia novas mentiras eram contadas, cada história distorcida, cada fato omitido. Mas por proteção. Não se sabe como os outros corações pudessem reagir. Conheço a fragilidade de um cristal e por isso sempre temi em quebrá-lo.
Não quero ser visto como um egoísta que só pensou em si. Isso nunca foi verdade. Isso nem ao menos faz algum sentido. Assuntos delicados devem ser estudados em todos os detalhes e nem assim se chegará a uma conclusão cabível.
Meu maior medo agora, é ver que alguns nós estão se afrouxando e me sinto imponente perante eles. Não sei se posso fazer alguma coisa, principalmente por hoje, estar sozinho. Como resolver um caso em que não fui só eu que errei? Se pudéssemos colocar todos de frente um ao outro e chegar a um acordo, tentando cicatrizar feridas, seria fácil, mas sabemos que nas condições atuais, essas chances são praticamente nulas.
Tentarei fazer minha parte, porém, temo estar novamente dando motivos pra ser julgado e condenado.

(Augusto Cruz)

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